domingo, 27 de março de 2011

O CONGADO

O Mestre do Terno trinando o apito.
violeiro dedilha viola que geme
No som estridente das cordas de aço.
Depois a resposta da fala da marcha
Que o Mestre da Guarda ditou com carinho.
Retumba o tambor marcando o compasso,
A nota ou silêncio do tempo binário.
Xique-xique, reque-reque,
Xique- xique, reque- reque...
Violões, cavaquinhos, tamborins, tambores!...
E os sons se misturam na voz dos cantores...
E o grupo dançante
Dançando se entrosa
Na dança gostosa
Que mexe com a gente.
Retinem soalhas de velhos pandeiros !
É  a conda do Congo,
Batuque, Congado,
O Rei, a Rainha,
A Festa, o Reinado !...
É o povo que canta,que ri e que chora,
É Nossa Senhora que vem aprumada,
Bonita,enfeitada, no alto do andor !
Sorriso de santa,
De rosa,
De flor !
Oh ! Ave-Maria tão cheia de graça !
O povo rezando... Cortejo que passa...
A fé  dos humildes jamais se contesta,
E vem revelada em cada semblante,
Num brilho tão forte, tão vivo e constante,
Razão do fulgor da alegria da Festa !
Lá vem a imagem de São Benedito !
E o povo cantando,rezando contrito.
O som dos tambores ressoa nos ares!
E os negros lembrando :
_Quilombos ! Palmares !
Ritual dos rituais !
Coreografias raras !
_É a Dança das Maguaras,
Das embaixadas finais !
Dance dançante, não chore,
Mostre o puro do folclore
Que em Paraopeba  se expande .
E que santo Rosário
Tem aqui seu relicário
Desde Tabuleiro Grande !

Cinzas do Tempo 

Silvério Alvim Rates 

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